sábado, 22 de abril de 2017

Bom, eu sei que esse blog deveria ser única e exclusivamente para poemas, mas ele também serve para desabafos e esse é um que eu preciso realmente fazer. Me sinto de alguma forma segura ao falar sobre isso porque esse é um espaço virtual que, apesar de ser público, eu tenho certeza (e conforme mostram as estatísticas desse blog) que dificilmente alguém acessa, e se acessa é simplesmente ocasional, felizmente ou infelizmente.
Mas se você que está lendo isso já acessou anteriormente ou é a primeira vez que entrou, e leu alguns dos meus poemas sabe que a grande maioria remete à uma angústia excessiva e que  infelizmente fez parte da minha rotina durante um bom período de tempo há uns anos atrás. Se você foi mais cuidadoso ainda na leitura percebeu algumas entrelinhas que eu prefiro não comentar para que só os mais cuidadosos entendam o que se passava a cada palavra escrita nessa página.
Se você for ainda mais cuidadoso perceberá que de uns tempos pra cá diminuiu-se o número de publicações, e eu deixo a questão no ar: por quê?
Bom, todos nós um dia já pensamos porque que tudo na nossas vidas dá errado, os mais sensíveis sofrem com essa questão muito frequentemente, e acabam sentindo-se perturbados com essa questão diariamente. Infelizmente são poucos os que percebem quando não estamos bem e pouquíssimos os que tentam fazer algo para que isso seja diferente. Isso leva há uma realidade que está em alta na mídia: a depressão e o suicídio entre jovens e adolescentes.
Entendo que na situação que estamos é um pouco clichê existir mais um texto sobre o assunto, mas eu sempre me senti intimidada quanto a isso. Assim, estava eu assistindo a nova série do momento dá Netflix : "Os 13 porquês", série a qual é baseada num livro de mesmo nome o qual eu já havia lido há mais ou menos um ano, quando ninguém conhecia ao certo a triste história de Hannah Baker. Infelizmente não é uma realidade muito distante, todos os dias jovens passam por situações parecidas e são obrigados a levarem suas vidas normalmente, sem ninguém perceber o que se passa em sua mente ou o que ele passa, ou se percebem que não está muito bem o que dizem é que é coisa de sua cabeça, ou que é besteira, ou que é uma forma de chamar a atenção. Mas não é, depressão é coisa muito séria, principalmente quando está ligada à alguma situação vivenciada pela pessoa, ou uma série de acontecimentos como é apresentado na série. Não queria usar esse termo por eu mesma considerar batido demais, e que já não serve mais para carácter a violência na escola, mas o bullying ainda é o principal motivo das mortes de centenas de adolescentes que tiram suas próprias vidas, pois esse é normalmente o primeiro contato que uma pessoa tem com a violência que existe no mundo, e quando isso torna-se constante, dificilmente não leva-se cicatrizes dá violência sofrida, seja ela apenas mental, como xingamentos ou julgamentos errados, seja ela física. Tudo isso deixa marcas que dificilmente são apagadas da mente de uma pessoa.
Não é fácil passar por cima dá enorme vontade que se tem de simplesmente desaparecer, porque parece que seria melhor para todos se você não existisse. Quando você começa a pensar em suicídio você​ já acredita que tudo o que você faz é errado, e muitas vezes começa a aceitar como verdade o que os outros falam de você, ou começa a aceitar que você não é forte o suficiente para seguir com a sua vida. E é esse o momento crucial em que você espera que alguém perceba e te salve desse precipício, é nesse momento em que qualquer coisa pode mudar sua situação. Porém, dificilmente encontra-se pessoas capazes de perceber a sua situação, capazes de te entender e não te julgar. Se você nunca passou por essa situação, parabéns, mas não seja um babaca com quem passa. Superar não é fácil, é como se você abafasse algo dentro de você, uma voz que tenta ser mais alta do que a sua, mas sim, é possível superar. No entanto, isso, ao contrário do que a grande maioria diz, não depende de você, depende de todos ao seu redor, depende até mesmo daquele estranho que você cruza na rua e que não percebe ou ignora o fato de você estar se afogando nas suas próprias lágrimas. Depende daquele bom dia de alguma senhora no ônibus ou na sua rua, depende de seus professores perceberem que você já não é o mesmo, depende dos seus pais perceberem a sua angustia, depende daqueles que te machucam simplesmente pedirem suas desculpas. Depende de conhecer alguém novo na sua vida que pode quem sabe ser sua âncora. Depende também de você levantar todo dia da cama, por mais difícil que seja, e dizer para você mesmo: "hoje vai ser diferente", também depende de você falar, se abrir, ou simplesmente abrir um sorriso para aqueles que te machucam, por mais que doa em você. Mas não depende apenas de você. Depende em último caso, quando não há mais formas de mudança, depende de você procurar forças para buscar ajuda. Se você lê esses poemas que eu escrevo e estiver nessa situação comente aqui, simplesmente. As vezes um desabafo é tudo o que precisamos e eu estou aqui para isso.
Mas por favor, não deixe-se levar pela angústia, porque sempre existe outro jeito.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Não somos livres
Somos todos julgados pelos nossos desejos
E aceitamos que nos digam que são errados
Nos deixamos convencer que não era o que queríamos
Somos manipulados ao dizerem que estamos sendo manipulados
Como vivemos assim?
Como sobrevivemos?
Minha cabeça é como uma neblina
Não se sabe ao certo o certo
Não se sabe ao certo o errado
E onde estou nisso tudo?
No meio do nevoeiro
Parada
Sozinha
Não, sozinha não estou
Existem as vozes
Os gritos
Os risos
O que eu estou fazendo com a minha vida?
Com certeza não é o que eu quero
Não é fruto da minha vontade
A névoa me cega
Me derruba
Me perturba
Onde estou?, pergunto às vozes
Inútil
Elas também estão perdidas
Algumas mais, outras menos
Mas se estão perdidas porque fingem me mostrar o caminho?
Que caminho?
Ele existe?
Se eu amo, amo o errado, é o que dizem
Se eu não gosto, deveria gostar
Se eu desejo, deveria repudiar
"Porque eu sei o que é melhor para você"
Como? Você sabe mesmo quem eu sou?
Sabe o que eu sinto?
Não né?
Ninguém me conhece como eu
Por mais transparente que me mostro
Enquanto uns querem achar que me conhecem,
Outros fingem que não sabem quem sou
Talvez eu não seja nada,
Por isso esteja tão desolada
Nessa terrível neblina
Que agora vira noite
E eu,
Estrela.