quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A fantástica fábrica de pessoas "perfeitas"

Se um dia te compararem com alguém, um primo, um amigo, ou qualquer um e te perguntarem:" por que você não é como fulano?", diga que é porque você tem essência, você não está morto. Sabe aquelas pessoas que nunca fazem nada de errado? Não se arriscam e nem se dão a liberdade se experimentar algo? Não seja uma delas, esses perfeitinhos, sim, eles são o vazio. Eu sou vazia, sou um simples corpo vagando em meio a tantas almas alegres, não tenho essência. Não me deram a escolha, e hoje não consigo mais decidir por mim mesma.
Sim, você pode errar, você deve fazer isso, você é humano. Não vai ser chegando depois do horário em casa, nem mesmo mentindo por algo simples que você precisa morrer por isso. Ninguém precisa saber de tudo, você não precisa contar tudo, não precisa ser aquilo que as pessoas querem que você seja. Seja autêntico. Eu não sou, e talvez nunca seja. Sempre fui aquele tipo de criança medrosa, nunca saí pra rua pra fazer amigos, nunca brinquei de esconde esconde com alguém diferente dos meus primos ou dos amiguinhos da escola, sempre fazia tudo o que meus pais pediam, um anjo, a criança que todos pais sonham em ter. Meus primos e amiguinhos ficavam de castigo, sem ver TV ou mexer no computador, em casos mais extremos recebiam algumas palmadas. Eu nunca, diziam que eu não precisava, era só falar que eu aprendia. Não estou aqui defendendo castigos, nem mesmo agressão em crianças, pelo contrário, sou extremamente contra. Eu estou defendendo a autenticidade, o pensamento próprio, a liberdade de errar.
Agora, adolescente, como qualquer outro, queria me rebelar, queria sair de noite pra uma balada sem ter hora pra voltar, beber mesmo sendo proibido pra menores, queria colocar um piercing no nariz ou fazer uma tatuagem no braço. Mas não posso, eu não sou assim, me falta coragem, me falta força pra expressar minhas vontades. Sou fruto do que minha mãe me ensinou desde pequena, que eu devo me comportar como uma dama, não posso usar uma camisa de banda largada só por usar, porque tenho que me vestir como uma mulherzinha, eu devo me casar virgem, porque mulher tem que se dar o respeito. Biquíni? Só se usar um shorts por cima. Usar um decote mais chamativo? Esquece, você não é uma puta pra mostrar seu corpo.
Se eu saio de qualquer uma dessas regras sou repreendida, alvo acontece de estranho, e eles sempre dizem:"Luana, você ainda é criança demais pra crescer".
E agora quem sofre as consequências sou eu. Se um dia eu não soube como discordar deles me tornei uma conformada, eu simplesmente deixei de demostrar minhas vontades pra qualquer um, eu sempre digo a mesma coisa:"você que sabe", porque eu não quero que a pessoa faça algo que eu queria e ela não. E assim eu faço coisas que não quero só pra agradar. Alguns dizem que isso é falsidade, ou que não se pode agradar a todos. Mas se você for uma dessas pessoas,por favor, entenda meu lado, sou o resultado da pressão pela perfeição, me tornei um simples capacho da vontade do meu próximo. Sou séria demais pra tentar fazer alguém rir, na verdade eu tenho medo de fazer uma simples piada que veio na minha cabeça e a pessoa me julgar por isso. Sou a cria do julgamento massivo, dos repressores. Dos sonhos de quem queria ser perfeito, mas não sabe que são os erros que te tornam humano.
Eu quero errar, um dia sei que vou. Aprendo a cada dia como ser simplesmente eu, como ser autêntica, como ser livre. Sou um pássaro nascido em cativeiro que não sabe voar, mas que com as quedas vai aprendendo a subir cada vez mais alto. Até ser livre. Quem sabe.

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